segunda-feira, 8 de agosto de 2016

ALGUNS MOMENTOS HISTÓRICOS SIGNIFICATIVOS DA CONSPIRAÇOM JUDIA

A seguir reproduz-se umha traduçom livre da segunda parte em que se dividiu o artigo sobre umha aproximaçom histórica do mito da conspiraçom judia do filósofo e historiador das ideias Pierre-André Taguieff, publicada na ediçom de julho-agosto de 2016 da "Revue des Deux Mondes".

Capa da ediçom portuguesa dos Protocolos dos Sábios de Siom

A conspiraçom judeu-leprosa


O motivo da conspiraçom judia contra a sociedade cristã alicerça-se historicamente em torno da acusaçom de envenenamento das fontes e poços, que apareceu na Aquitânia em 1321 sob a forma da fiçom dumha conspiraçom judeu-leprosa (22). Durante o inverno de 1321, por causa dessa acusaçom conspiratória, os leprosos foram massacrados com o apoio de Filipe V, o Alto, rei da França. Mas a crônica do Mosteiro de St. Catherine de Monte Rotomagi (Mont-Saint-Aignan) lembra os factos caracterizadores, com base nas confissões dos leprosos, as duas acusações contra eles: eles conspiraram ao mesmo tempo para matar os nom leprosos e para dominar o mundo. A prática do assassinato ritual e o instinto de dominaçom: dous temas de acusaçom polos que os Judeus nom deixaram de ser alvejados. 

O mito da conspiraçom judeu-leprosa ressurgiu a partir de 1348, durante a Peste Negra. No século XIV, certamente trata-se de conspirações locais das que som acusadas comunidades judaicas específicas, vítimas em consequência de saques e massacres. Mas a circulaçom de boatos de envenenamentos traz à tona a conviçom de os Judeus, como tais, tramarem a conspiraçom para destruir o cristianismo. Os Judeus começam a serem percebidos como o único povo intrinsecamente conspirador.

As origens da lenda da megaconspiraçom judia: da "carta de Simonini" ao "Discurso do rabino"


Na sua explicaçom da Revoluçom Francesa por umha conspiraçom maçônico-jacobina ou dos Illuminati da Bavária, liderados por Adam Weishaupt (1748-1830) o abade Augustin de Barruel nom deu qualquer importância aos Judeus. É completamente diferente em 1806, quando Napoleom decidiu reunir o Grande Sinédrio, a fim de encontrar umha soluçom para o que era a "questom judaica", iniciativa que inquietou vários círculos antijudeus. A famosa "carta de Jean-Baptiste Simonini" a Barruel, datada de 1 de agosto de 1806 (de facto trata-se dum embuste de origem incerta) (23), testemunha a existência da representaçom dumha perturbadora "seita judaica", apresentada a aliada de todas as outras "seitas infernais que estám a preparar o caminho para o Anticristo ", em particular a dos maçons. Os membros da "naçom judia" nela som acusados ​​de abrigar "projetos terríveis" para se tornarem "donos do mundo". Barruel fez circular esta carta em círculos fechados, sem fazê-la nunca pública. Porém, foi publicada pola primeira vez em julho de 1878, com comentários do Padre Grivel, um próximo de Barruel, na revista católica "Le Contemporain" antes de o ser pola "Civilta Cattolica" a 21 de outubro de 1881, num contexto marcado polas interferências entre a campanha antimaçônica lançada pola Igreja e os primórdios do movimento antissemita, tanto na França como noutros países europeus.

A tese do conluio secreto é também enunciada no "documento Simonini": "Os Judeus, portanto, com todos os outros sectários, formam umha façom, para destruir, se possível, o nome cristão". Os membros da "seita judaica", que corporifica "hoje o poder mais formidável", som acusados ​​de ser movidos polo projeto de tornar-se,"em menos dum século","os donos do mundo", até "abolir todas as outras seitas para fazer reinar a sua".

No final do século XIX, o tema de acusaçom é transmitido por um embuste famoso, tirado dum romance publicado em 1868 em Biarritz: o "Discurso do rabino" (24), que começou a circular em 1872 na Rússia sob o título de "O cemitério judaico de Praga", lugar pressumível da "assembleia das doze tribos de Israel". Este embuste é publicado em francês em 1 de julho de 1881 polo publicitário antijudeu Kalixt de Wolski (1816-85) em Le Contemporain, sob o título "Registro dos acontecimentos político-históricos nos últimos dez anos", e depois retomado polo mesmo Wolski na sua compilaçom antissemita (póstuma), intitulada "A Rússia judia" (25). Nela atribui-se a "um grande rabino" que o teria "pronunciado numha reuniom secreta". Este discurso, acrescentou Wolski, "revela a persistência com que o povo judeu continua, desde tempos imemoriais e por todos os meios, a idéia de dominar sobre a terra". O discurso finda com a mençom de "levantes" e "revoluções" causados polos "filhos de Israel", tornados nos "senhores absolutos" da finança e da imprensa: "Cada um desses desastres dá um grande passo à frente para os nossos interesses particulares e nos aproxima rapidamente do nosso propósito único: o de dominar a Terra, como foi prometido ao nosso pai Abraám".


Apocalipticismo e satanismo


Na França, nom foi até o final dos anos 1860 e 1870 que se viu a tese do conluio judeu-maçónico amplamente espalhado nos círculos católicos. É com a obra de Henri Roger Gougenot des Mousseaux (1805-76), "O Judeu, o judaísmo e a judaizaçom dos povos cristãos" (26), publicada em 1869, que se ofereceu ao público católico umha visom elaborada, de orientaçom apocalíptica, da conspiraçom judia universal. A sua tese central é a seguinte:

"A Maçonaria, saída das doutrinas misteriosas da cabala [...] é a forma moderna e principal do ocultismo, na que o judeu é o príncipe, porque ele foi em todos os séculos o príncipe o grande mestre da cabala. O judeu é, pois, naturalmente [...] o amo, o chefe, o grande mestre real de maçonaria, cujos dignitários conhecidos som, na maioria das vezes, os chefes enganadores e enganosos da ordem".

Mas os "cabalistas judeus" som os "adoradores de Satanás". Gougenot está convencido de que "todas as revoltas sociais e anticristãs" que abalam o mundo som "a obra dos maçons e Judeus" e que, através destes levantes revolucionários, a Maçonaria é um instrumento nas mãos dos Judeus; é "o triunfo do judeu" que se prepara. Gougenot anuncia a vinda do Anticristo e a instalaçom dumha implacável dominaçom judia.

Desde entom os maçons aparecem como aliados, cúmplices ou os instrumentos privilegiados dos Judeus, como afirma Drumont numha passagem da "França judia" onde trata as causas da Revoluçom Francesa: "O que ele fez na Idade Média com os cavaleiros Templários, o Judeu fez com a Maçonaria, no qual ele fundara todas as sociedades secretas particulares, que tinham tanto tempo andado na sombra. [...] Já nom é contestado por ninguém [...] que a direçom de todas as lojas passou em seguida para as mãos dos Judeus". Isto é o que explica a "conquista judia" da França na época da Revoluçom Francesa: os Judeus "retornam em 1790 atrás da maçonaria e tornaram-se donos absolutos dum país, ao que estám a desvincular, de forma gradual e com umha incrível astúcia, de todas as tradições que fizeram a sua grandeza e força". O polemista descreve "o judeu moderno" como um gênio da manipulaçom, "envolvido nas conspirações, fomentando as guerras civis e as guerras estrangeiras, patrocinado, pola sua vez, a Napoleom e a Santa Aliança".

Para o abade Chabauty, em "Os Judeus, o nossos mestres!", a aliança dos "príncipes de Judá" e as sociedades secretas (dominadas, na realidade, polos "Príncipes judeus") visa estabelecer o "domínio universal" dos Judeus, graças ao "formidável exército maçónico" que irá permitir,  através de levantes cuidadosamente planejados como a Reforma ou a Revoluçom francesa, a destruiçom da "ideia cristã" e de "toda a ordem social cristã". Revoluçom, República, maçonaria e judiaria formam segundo Chabauty umha única potência anticristã. Os "grandes chefes de Judá" som apenas os descendentes de Satanás: "A República, é geralmente a bandeira, a etiqueta, o relógio; a Maçonaria é por toda a parte o instrumento, o soldado, o exército; a Judiaria, é sempre a alma, a direçom, o comando". Em suma, conclui Chabauty destacando a declaraçom: "O nosso inimigo é o Judeu!". Na perspectiva apocalíptica Chabauty, o "triunfo do Judeu" significa a instalaçom do Anticristo no trono do "rei do mundo".

Se Gougenot abriu o caminho, é Ernest Jouin (1844-1932), pároco de Saint-Augustin, em Paris (1899), o fundador da Liga Franco-católica em 1913, que irá desenvolver o tema da tripla ameaça representada polos Judeus, maçons e ocultistas. Em janeiro de 1912, Jouin lança a Revista Internacional das Sociedades Secretas (RISS), cujo principal objetivo é combater a "judeu-maçonaria". Na primeira ediçom da sua revista, ele começa por enunciar o princípio orientador da sua visom do mundo: "Hoje em dia, a sociedade secreta é a senhora do mundo" e Maçonaria apenas é "a concentraçom das sociedades secretas", "pode-se chamar a senhora do mundo" (27). Mas a Maçonaria está "em si subordinada a grupos sueriores": "Hoje, a história das sociedades secretas é a página magistral da história judia. [...] Se a Maçonaria é mundial, está naturalmente em contacto com a raça judia, raça cosmopolita por temperamento e expiaçom". Mas os Judeus caracterizam-se por umha "tripla aspiraçom": "A dominaçom do mundo, a revoluçom social e a ruína do catolicismo". No outono de 1920, o polemista publica a primeira versom francesa completa (e comentada) dos "Protocolos dos Sábios de Sião", que ele resume do seguinte jeito em 1921: "O plano judeu-maçónico judaico-maçônico dos Protocolos inclui um fim, a hegemonia mundial; um meio, o ouro; um resultado, o supergoverno judeu. Fim, meio e resultado acham-se nos livros Talmúdicos" (28).

O século dos Protocolos dos Sábios de Siom


As duas versões da conspiraçom judia internacional (judeu-maçônica e judeu-plutocrática) estám combinadas de várias maneiras no famoso embuste antijudeu conhecido como "Os Protocolos dos Sábios de Siom" (29). No século XX, a visom da grande conspiraçom judia tem o seu principal vetor neste suposto documento revelador, publicado pola primeira vez na Rússia, na sua forma abreviada e serializada no jornal de extrema direita Znamia ("a bandeira") dirigido em St. Petesburgo polo agitador antijudeu Pavel A. Krushevan (1860-1909), de 28 de agosto a 7 de setembro de 1903 ("antigo estilo"), portanto, poucos meses após o pogrom em Kishinev (21 de abril de 1903), do que ele fora o organizador e que ele poderia justificar deste jeito. O embuste é entom publicado sob o título "Programa da conquista do mundo polos Judeus", explicado da seguinte forma polo editor: "Protocolos dos encontros da Uniom [ou da Aliança] mundial dos maçons e dos Sábios de Siom". Esta primeira publicaçom dos Protocolos tinha lugar pouco depois da abertura, em 23 de agosto de 1903, do VI Congresso Sionista na Basileia. Os primeiros usos do embuste estavam orientados tanto polo antijudeo-maçonismo quanto polo "antissionismo", que surgiu na Rússia como umha grande história de conspiraçom através da qual os círculos nacionalistas e monarquistas, inimigos declarados tanto do liberalismo como do comunismo, legitimavam o seu antissemitismo. Desde o verão de 1921, sabe-se que os Protocolos som essencialmente um plágio do "Diálogo no Inferno entre Maquiavel e Montesquieu ou a política de Maquiavel no século XIX", sátira dirigida contra Napoleom III, publicada em 1864 polo advogado republicano de esquerda Maurice Joly (1829-79), entom exilado em Bruxelas. Nos protocolos, um orador anónimo, um dos Sábios de Sião ou talvez o seu chefe, dirige-se aos seus colegas, durante reuniões nalgum momento nalgures, para expor (ou lembrar) as ideias directoras do seu programa secreto de dominaçom do mundo e informar sobre o  estado atual da sua implementaçom. Os Protocolos som apresentados como as atas destas sessões secretas. O segredo é a força da conspiraçom, lemos nos Protocolos: "Quem poderia derrubar umha força invisível? Porque essa é a nossa força. A maçonaria exterior serve apenas para cobrir os nossos projetos" (30). Este programa de conquista do mundo envolve a destruiçom dos Estados cristãos, realizada com a ajuda da Maçonaria, infiltrada e manipulada polos Sábios e os seus "agentes". Portanto, trata-se claramente dumha conspiraçom mundial, cujo objetivo é o estabelecimento dumha "dominaçom universal" (31). Este plano secreto teria sido definido há muito tempo polos antepassados ​​dos atuais Sábios de Siom: o orador caracteriza-o como "um plano político que ninguém adivinhou durante séculos" (32). Este é o tema desenvolvido no artigo do publicitário nacionalista e antijudeu Mikhail O. Menshikov (1859-1918), "Conspirações contra a humanidade", publicado em 7 (20) de Abril de 1902 no jornal Vremya Novoye monarquista ("Tempos Novos"):

"A partir de 929 a.d.n.e. Jerusalém, no tempo do rei Salomom, um plano secreto foi fomentado por ele e polos sábios judeus contra todo o gênero humano. Os protocolos desta conspiraçom e os seus comentários foram mantidos em grande segredo, transmitindo-se de geraçom em geraçom [...] Os líderes do povo judeu, ao que parece, decidiram sob o rei Salomom submeter ao seu poder toda a humanidade e ancorar no seu seio o reino de David para sempre. [...] Espalhando-se pola a terra, os Judeus comprometeram-se a concentrar nas suas mãos os capitais de todos os países e chupar e escravizar, destarte, como entre os tentáculos, as massas populares".

Encontramos neste artigo a primeira mençom conhecida dos Protocolos. É num contexto marcado pola ameaça dumha revoluçom e o sentimento da chegada de tempos apocalípticos que é publicado polo místico ortodoxo Sergei Nilus A. (1862-1929), no fim de dezembro de 1905, no seu livro "O grande dentro do pequeno "(capítulo XII: "O Anticristo como possibilidade política"), que a versom dos Protocolos se vai tornar canônica. 

Umha segunda versom russa dos Protocolos, devida ao jornalista antijudeu Georgy V. Butmi (1856-1919), cofundador da Uniom do Povo Russo, será publicada em janeiro de 1906 sob o título: "Discurso acusador. Os inimigos do gênero humano", com o subtítulo: "Protocolos extraidos dos arquivos secretos da Chancelaria principal de Siom".

Os "Sábios de Siom", figuras fictícias saídas do mito anti-judeumaçônico reativado, ilustram umha formaçom de compromisso entre os "Antigos Sábios de Israel" (do tempo de Salomom), as lideranças sionistas e os "superiores desconhecidos" da "judeumaçonaria", tomando emprestado o mito construído em torno dos "Illuminati da Bavária", amplamente utilizado no século XIX polos romances populares, entre os quais o mais famoso é José Balsamo de Alexandre Dumas. Mas o escritor religioso místico que é Nilus acrescentou umha dimensom apocalíptica. No final do epílogo do seu livro que contém os Protocolos, ele adapta a lenda do Anticristo na sua visom da conspiraçom judia mundial:

"Hoje, todos os governos do mundo inteiro estám consciente ou inconscientemente sujeitos às ordens deste grande super-governo de Siom, porque todos os valores estám nas suas mãos, porque todos os países som devedores dos Judeus por somas que eles nunca poderám pagar. [...] Com todo o poder e terror de Satanás, o reinado triunfante do rei de Israel está-se aproximando do nosso mundo depravado; o rei saído do sangue de Siom -o Anticristo- está perto de subria ao trono do Império universal".

Este embuste é tanto um best-seller e long-seller da literatura conspiracionista e antijudia. A sua difusom mundial, garantida polos departamentos de propaganda de vários círculos políticos e religiosos, já se observava no período entre guerras. 

Hoje, está garantida principalmente através da Internet, e, desde o início dos anos noventa, têm-se multiplicado os sites, fóruns e blogues chamados extremistas ou radicais de várias tendências, de orientaçom conspiracionista, que retomaram a circulaçom a temática transmitida pola falsificaçom. Mas, em paralelo, os Protocolos, como os textos derivam ou com base neles, continuam a ser objeto de reedições, com comentários atualizadores, em muitos países, dos Estados Unidos aos países árabes, da Europa do Leste ao Irã, à Turquia e ao Japão, passando pola Índia, Paquistám e Malásia.

Os Protocolos som utilizados polos extremistas de todas as cores: supremacistas brancos e antissemitas pretos nos Estados Unidos, católicos e protestantes fundamentalistas na Europa como nas Américas, nacional-tradicionalistas ortodoxos na Rússia, fundamentalistas muçulmanos de todas as obediências, neonazistas pagãos, nacionalistas radicais, adeptos de seitas ou de doutrinas esotéricas, amadores de profecias apocalípticas, negacionistas e conspiracionistas fascinados pola lenda dos Illuminati. Nos países árabe-muçulmanos (mormente no Egito, na Síria e no Líbano), os Protocolos constituem, aliás, um reservório imprescindível de tópicos antijudeus solicitados nas orações da sexta-feira ou nos debates públicos e encenados por programas de televisom, constituindo instrumentos eficazes de propaganda antissionista que visa um público popular. A falsificaçom é o principal vetor do conspiracionismo antijudeu. A corrida internacional dos Protocolos está longe de chegar ao seu fim.

Fonte: Site do CRIF

NOTAS
22. Carlo Ginzburg, le Sabbat des sorcières [1989], traduit par Monique Aymard, Gallimard, 1992, p. 43-69.
23. Le Contemporain, tome XVI, juillet 1878, p. 58-61 ; repris in Nicolas Deschamps, les Sociétés secrètes et la société, ou Philosophie de l’histoire
contemporaine, 4e édition, Oudin Frères & Avignon, Seguin Frères, 1883, tome III, Document annexé B : « Le rôle des Juifs dans la Révolution universelle », p. 658-661.
24. Sir John Retcliffe (pseudonyme de Hermann Goedsche, 1815-1878), Biarritz, 1868, vol. 1, p. 162-193.
25. Kalixt de Wolski, la Russie juive, Albert Savine, 1887, p. 4-19.
26. Henri Roger Gougenot des Mousseaux, le Juif, le judaïsme et la judaïsation des peuples chrétiens, Plon, 1869.
27. Mgr Jouin, « La société secrète. Notre programme », RISS, n° 1, janvier 1912, p. 3-4.
28. Mgr Jouin, Le Péril judéo-maçonnique, tome III, RISS & Librairie Émile-Paul Frères, 1921, p. 53.
29. Sur les Protocoles, voir Norman Cohn, Histoire d’un mythe, op. cit. ; Pierre-André Taguieff, les Protocoles des Sages de Sion, op. cit. ; Cesare G. De Michelis, The Non-Existent Manuscript : A Study of the Protocols of the
Sages of Zion [1998], University of Nebraska Press, 2004 ; Michael Hagemeister, « The Protocols of the Elders of Zion: Between History and Fiction», New German Critique, 35 (1), n° 103, printemps 2008, p. 83-95.
30. « Protocols » des Sages de Sion, traduits directement du russe et précédés d’une introduction par Roger Lambelin, Grasset, 1921 ; nouvelle édition, 1925, p. 31.
31. Idem, p. 72.
32. Idem, p. 87.

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