segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

VALE DO ÁVIA-ARENTEIRO

Sam Clódio, paróquia do concelho de Leiro na comarca do Ribeiro, dá nome a um mosteiro medieval fundado no século IX: o Mosteiro de Sam Clodio. 

Em meados do século XII, sob o reinado de Afonso VI, o abade do mosteiro Pelágio mandou que se repovoasse a zona e arassem as terras e se plantassem as vides, ficando recolhidas estas atividades no testamento dele de 1158.

Doravante, o vinho do Ribeiro tornou-se num dos mais valorizados, sendo na altura dos séculos XII-XIII um dos mais caros, chegando mercadores da Inglaterra a comprá-lo para depois ser vendido no norte da Europa. Nessa altura, a comarca do Ribeiro tornou-se a mais rica da Galiza, daí a existência dos grandes paços que ainda se conservam.

A presença judaica no Ribeiro está ligada tanto à comercializaçom deste produto, quanto ao seu transporte e distribuiçom. Nessa altura a maioria do camponesado trabalhava para a igreja e os encargados de transportar o vinho para outras zonas eram os arrieiros, profissom desenvolvida maioritariamente por Judeus, que carretavam esse produto a Santiago de Compostela ou ao porto de Ponte Vedra, onde era embarcado. Umha outra hipótese da presença judaica na zona está ligada aos serviços administrativos prestados polos judeus/cristãos novos algum dos muitos senhorios e fazendeiros do vinho existentes em toda a regiom do Ribeiro.

Além disto, é possível que a presença de Judeus ou cristãos-novos no Vale do Ávia-Arenteiro a partir dos séculos XV-XVI seja devida a estes vales terem sido utilizados, ao igual que a Serra do Suído, como terra de abrigo dos Judeus vindos da Judiaria de Ribadávia logo a seguir do édito de expulsom de 1492. 


SALOM


Este local, cujo nome (Salón no momenclator oficial) talvez seja derivado da palavra hebraica Shalom, acha-se na paróquia de Alvarelhos, no município de Boborás, com 61 habitantes.

Salom de Alvarelhos está localizado numha encosta situada na confluência dos vales dos rios Ávia e Vinhão. Entre socalcos, a partir de Salom abre-se um longo vale que chega até Leiro. 

A planta de Salom forma umha aranheira de sinuosas ruelas entrelaçadas sem qualquer ordem. As habitações som de pedra e de tipo românico, existindo torres com vários andares de paredes muradas.

Os linteis de pedra de muitas casas mostram muitos elementos judaicos (Estrelas de Salomom, hexagramas, menorahs,...).

Descendo por umha ruela perto da capela o lintel do prédio nº137/8 mostra umha estrela ou selo de Salomom.

Mais abaixo, a casa nº79/19 mostra na coluna de coroaçom dum lintel um selo de Salomom que dá acesso a um pátio cujo prédio circundante exibe umha Menorah em relevo.

PAÇOS DE ARENTEIRO


Paróquia situada na confluência dos rios Ávia e Arenteiro do município de Boborás, com 123 habitantes.
Esta povoaçom possui um compacto núcleo muito bem conservado, com ruas empedradas, formado por um conjunto de casas populares e nobiliárias que mostram majestosos brasões e construídas com pedras de cantaria graníticas.

Esta arquitetura desenvolveu-se nos momentos de mais esplendor da zona, entre os sécs XVI e XVII, e ligada com os impostos e rendas que tinham de pagar os pequenos produtores do vinho do Ribeiro. Este era o fim do Paço da Encomenda, prédio onde a igreja arrecadava os dízimos de toda a regiom. 
A Caleja de Paços de Arenteiro
Arruamentos de Paços de Arenteiro
Em Paços de Arenteiro existem até 7 paços, pertencentes tanto à igreja quanto às distintas grandes famílias de linhagem antiga. A maioria destas habitações contam com solainas, torres, pombais ou espigueiros.

Diante da igreja paroquial, de feitio românico, o lintel dum paço exibe, gravado em baixo relevo, umha Estrela de David circunscrita num círculo. Na pedra inferior do arco do mesmo prédio parece estar representada umha menorah.
Estrela de David num prédio de Paços de Arenteiro
Paços de Arenteiro, situada na Rota da Prata a Compostela e na rota de muitos arrieiros, teve jurisdiçom própria e sediaram ordens militares religiosas como a do Temple ou do Santo Sepulcro.

Em 1973 Paços de Arenteiro foi declarada conjunto histórico de casco urbano.

QUINTELA

Lugar da paróquia de Cabanelas, no município do Carvalhinho.

Neste local existe um casario em ruínas, cujas estreitas ruelas de escadas albergam a Casa do Judeu de Quintela. 


Manuel Gago
O lintel desta habitaçom, situada na cima da vila, pode-se ver umha Estrela de David.



Também, no oco de entrado figuram os retratos, esculpidos em pedra, da família hebraica que habitou dentro dessas paredes.


Clicando aqui, o pesquisador Manuel Gago remete-nos à memória de tradiçom oral ainda existente relativa a esta Casa do Judeu de Quintela, Cabanelas. Este prédio é propriedade privativa e até o momento nom foi realizada qualquer pesquisa arqueológica que permita a sua catalogaçom.

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