domingo, 20 de outubro de 2013

BRAGANÇA

A cidade portuguesa mais setentrional foi fundada no século II a.n.e. polos Celtas com o nome de Brigantia.

Destruída durante as guerras entre cristãos e mouros, encontrava-se em território pertencente ao mosteiro beneditino de Castro de Avelãs. Reconstruída, Dom Sancho I concedeu-lhe foral em 1187 e libertou-a logo a seguir do cerco que lhe impôs Afonso VIII da Galécia-Leom.

Os foros reais de 1187 falam nas punições a aplicar aos que assaltarem Judeus chegados à cidade, o que evidencia a nom existência ainda da presença judaica na cidade. Porém, em 1279 um número de judeus da cidade, aparentemente recém-chegados, pagam generosamente o Rei Denis umha carta de proteçom.

Doravante existem frequentes menções à judiaria da Bragança. Sob Afonso IV (1325-57) houve reclamações por parte da populaçom contra a taxa de juros cobrada polos Judeus, sendo limitadas.

Desde o século XV a cidade de Bragança já conta com um bairro judaico oficializado, embora nom restem vestígios vissíveis deste hoje.

Em 1429 a coroa concedeu vários privilégios à judiaria de Bragança, confirmados em 1434 e 1487. Em 1461, a comunidade judaica, comandada polo seu rabi, Jacob Cema (Zemah), reuniu-se numha praça pública e nomeou os seus representantes para negociar junto das autoridades da cidade sobre as questões em disputa. Em 1485 o rabi era Abraham, o doutor que comprou os vinhos produzidos pola propriedade real lindeira às "vinhas dos judeus."

Logo a seguir da expulsom dos Judeus dos reinos de Espanha em 1492, 3.000 exilados procedentes de Benavente (Reino de Leom) estabeleceram-se na zona de Bragança.

Após a conversom forçada decretada em Portugal em 1497 Bragança tornou-se um dos mais importantes centros do cripto-judaismo do país. Muitas famílias cripto-judaicas conservaram a sua identidade especial, continuando a prática dos costumes judaicos, conservando algumhas crenças e casando com membros da mesma comunidade. De facto, Bragança foi o berço de muitas famílias conversas importantes. Foi em Bragança onde nasceu em 1621 Orobio de Castro, finado como judeu em Amsterdám.



É por isto que a Inquisiçom fez na regiom, durante quase três séculos, uma verdadeira matança. De facto, até 1755 os autos-da-fé acusaram de judaizantes a mais de 800 cristãos-novos locais. Por exemplo, mais de 60 apareceram num único auto realizado em Coimbra a 17 de maio de 1716.

Apesar da repressom católico-integrista, os traços do cripto-judaísmo ainda som fortes em Bragança. Porém as tentativas de estabelecer algum tipo de vida judaica organizada na área de Bragança falharam. Em 1920 ainda se realizavam serviços religiosos num local de culto, umha sinagoga onde as crianças recebiam instruçom religiosa. Lá recitavam orações especiais e os serviços eram liderados por mulheres. Na primeira metade do século XX os descendentes dos cripto-judeus ainda moravam no seu próprio bairro.

No projeto Rotas de Sefarad de valorizaçom da identidade judaica portuguesa está prevista a criaçom em Bragança do Centro de Interpretaçom da Cultura Sefardita do Noroeste Transmontano com projeto do arquiteto Eduardo Souto de Moura.

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